14 de março de 2018

Opinião – “Pequena Grande Vida” de Alexander Payne


Sinopse

Um grupo de cientistas noruegueses descobre uma forma de encolher seres humanos e assim perspetivar uma mudança global em 200 anos que poria fim à ameaça de extinção de recursos. É assim que Paul Safranek e a sua esposa Audrey decidem abandonar as suas vidas stressantes, em Omaha, para se tornarem mais pequenos e mudarem para uma comunidade encolhida – uma escolha que irá mudar as suas vidas.

Opinião por Artur Neves

Antes da apreciação desta peregrina história julgo necessário elucidar o leitor sobre um risco a que todos estamos sujeitos decorrente do aquecimento global, provocado pela acumulação nas altas camadas atmosféricas de gases de efeito estufa. Esse aquecimento tem provocado o degelo da calote gelada do Artico e com ela a redução de espessura da camada gelada subterrânea designada por permafrost, que contém no seu interior elevadas quantidades de biomassa em fase de putrefação, geradora de metano, um gás por excelência causador do efeito estufa, que se libertado na atmosfera por rutura do seu contentor iria elevar drasticamente a temperatura na terra conduzindo-nos inevitavelmente ao extermínio e ao fim da existência tal como a conhecemos.
Considerando esta ideia, Alexander Payne conta-nos uma história com objetivos ecológicos, tendente a reverter esta calamidade através da redução de dimensão da espécie humana à altura individual de cerca de 12 cm justificando que assim produziríamos em 4 anos os detritos que atualmente produzimos em cerca de uma semana, reduzindo assim a tendência de poluição ambiental que todos conhecemos. Não resisto a comparar pela negativa esta ideia com aquela frase que diz: “se todos fosse-mos mais gordos vivíamos mais unidos” numa clara referência à utopia da união através o aumento de volume físico.
Contendo ainda outras complicações do foro sentimental, para compor o ramalhete como filme a história agrupa estes “heróis” da salvação do mundo numa congregação de liberdade, paz e amor e culto ao sol, do qual se despedem para “hibernar” numa caixa guardada nas entranhas da terra à espera que o cataclismo esperado lhes restitua o tempo de redenção e de retorno como catalisadores de um novo princípio e de uma nova ordem, como seres pequenos e mais inócuos à contaminação ambiental.
O que mais me espanta é que Alexander Payne é a mesma pessoa que já nos deu obras excelentes, tais como; “Nebraska” em 2013, e “Os Descendentes” em 2011, ou “As confissões de Schmidt” em 2002 e esse magnífico road movie que é “Sideways” em 2004 e apresenta-nos aqui esta aberração mental durante 136 minutos que desde cedo me levou a pensar nas razões desta história e a concluir inevitavelmente que Alexander Payne passou-se!...
Classificação: 3 numa escala de 10

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