1 de março de 2018

Opinião – “Fidelidade sem Limite” de Michael R. Roskan


Sinopse

Em “Fidelidade sem Limite” quando Gino (Matthias Schoenaerts), conhece Bibi (Adèle Exarchopoulos), é a paixão. Total e incandescente. Mas Gino tem um segredo. Daqueles que colocam tanto a sua vida como a vida dos que o rodeiam em grande perigo. Gino e Bibi terão de lutar contra tudo e todos: contra a razão e contra as suas próprias famílias para se manterem fiéis ao seu amor.

Opinião por Artur Neves

Viciados que estamos no cinema de romance e aventura vindo do outro lado do Atlântico é comum à maioria do público cinéfilo alguma suspeita sobre os filmes europeus do género thriller, muito particularmente quando falados em idioma Francês, normalmente mais aceites em comédias românticas com alguma (ou mesmo muita) “pimenta” à mistura. Pois bem, temos neste filme uma história que quebra esses padrões pré-estabelecidos, com muita ação bem desempenhada, a enquadrar um caso de amor total, completo e infinito para lá da finitude do objeto desse amor.
A história desenvolve-se no ambiente abastado do desporto automóvel da fórmula 1 onde se concretiza a paixão de Gino por Bibi, uma menina de família que pilota os carros F1 do pai, com o sucesso suficiente para se destacar no meio. Esse amor improvável consuma-se em cenas de amor escaldante em que ambos estão muito bem, construindo as sementes de uma união que os vincula um ao outro para lá do que seria expectável, considerando a sua diferença de estrato social e pressão familiar de Bibi.
Gino (também conhecido por Gigi) desenvolve uma atividade paralela de assaltos a bancos e a carros de valores, com os seus companheiros de infância pobre e tumultuosa, amigos com temperamento revoltado e espírito vingativo para uma sociedade que lhes foi madrasta no princípio das suas vidas. Gigi, porém, consegue ter a sensibilidade para arrebatar o coração de Bibi pretendendo através desse amor a redenção dos seus atos e a correção do seu destino que lhe é negado mais uma vez pela sociedade que justamente não perdoa os seus anteriores atos que incluem crimes muito graves.
Só nos romances de cordel é que o amor tem o poder redentor absoluto e esta história é uma ficção sobre a vida real, seus dilemas e castigos que vêm na forma do sofrimento pessoal através do sofrimento da pessoa amada. Eles são realmente dois seres sem rumo, ela por lhe ter sido dado tudo, ele por nunca ter tido acesso a nada, nem mesmo ao amor filial durante a infância recheada de nada e de abandono.
O amor que os une empurra-os para soluções cada vez mais complicadas na faixa mais sombria da escala social e o realizador consegue dar-nos a imagem de um mundo que existe, dissimulado entre os negócios de fachada para encobrir atividades ilícitas que o dinheiro tudo compra com a crueza e o realismo adequados. No final, no fim da existência de um dos amantes, quando já nada tem valor, o outro fica, fiel ao amor (“Le Fidele” no título original). Recomendo, vê-se com agrado.
Classificação: 6,5 numa escala de 10

Sem comentários: