26 de setembro de 2017

Opinião – “Linha Mortal” de Niels Arden Oplev


Sinopse

Em linha mortal, cinco estudantes de medicina, obcecados com o mistério que rodeia os limites da vida, embarcam numa perigosa e ousada experiencia: parar o coração durantes pequenos períodos de tempo, cada um dos quais despoletam uma experiencia de quase-morte, dando-lhe em primeira mão, um registo pós-vida… Á medida que as experiencias se tornam mais e mais perigosas, eles começam a ser assombrados pelos pecados do seu passado, trazidos pelas consequências sobrenaturais de atravessar para o outro lado…

Opinião por Artur Neves

O que este filme nos apresenta é uma tentativa de inovação para a história tradicional das experiencias de quase-morte, provocando os “espíritos malignos” dos universos desconhecidos de além-túmulo levando-os a perseguir os vivos que se atrevem a tentar descortinar os seus desígnios. Aqui nada disso acontece, porque as pessoas são esclarecidas, estudantes de medicina que querem evoluir na profissão, promovendo experiencias de cariz científica, muito embora um deles tenha sido impulsionados pelos seus fantasmas.
Na experiencia, eles suportam até ao limite a possibilidade do cérebro funcionar sem irrigação sanguínea e com isso entram na desejada condição de quase-morte em que regridem nas memórias mais significativas da sua existência confrontando-se com as suas angustias, medos e remorsos de atos anteriormente praticados (e aqui reside a inovação deste argumento) conseguindo como que um reset cerebral a tudo o que acumularam a mais até então, estando agora prontos para recomeçar as suas vidas no ponto em que as deixaram, mas de um “modo mais limpo”.
O problema é que ao retomarem as suas vidas trazem consigo a memória mais viva dos males que de alguma forma tinham esquecido ou equilibrado na consciência, que actualmente os passa a perturbar no dia-a-dia, em casa, no trabalho, nos relacionamentos tornando a sua vida um inferno e um perigo.
E aqui está a virtualidade desta história, nada de assombrações do além, o que eles vêm, o que os persegue, é o que a sua memória reacendeu dos eventos mais marcantes e dolorosos do passado das suas vidas que agora os perseguem e dos quais eles procuram a redenção pelo arrependimento. A solução está portanto, no reconhecimento dos erros, no pedido sincero de perdão aos ofendidos e mais fundamental ainda, na aceitação daquilo que foram no tempo em que erraram, para que se possam perdoar a eles próprios como atenuante para o remorso que os persegue.
O realizador apresenta-nos assim uma forma inovadora de combater os nossos fantasmas, num filme bem estruturado, com acção, romance que não é cor-de-rosa, amizade, profissionalismo, num tema que não é fácil de abordar e que o cinema nos encheu de exemplos mais ou menos transcendentais, uns mais melífluos do que outros, mas todos povoados e alimentados pelo nosso próprio medo do desconhecido. Filme curioso que constitui um bom espectáculo que recomendo.

Classificação: 7 numa escala de 10

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