14 de junho de 2017

Opinião – “O Muro” de Doug Liman


Sinopse

“O Muro” é um thriller psicológico que acompanha dois soldados americanos encurralados por um sniper iraquiano, com apenas um muro desmoronado a separá-los. O combate transforma-se numa guerra de vontades, inteligência e precisão letal. Realizado por Doug Liman (“Mr. & Mrs. Smith”, “Identidade Desconhecida”, “No Limite do Amanhã”). “O Muro” conta com as interpretações do vencedor de um Globo de Ouro; Aaron Taylor-Johnson (“Animais Noturnos”, “Kick-Ass”, “Selvagens”, “Godzilla”, #Vingadores: A Era de Ultron”) e a estrela da WWE, Jonh Cena (“Descarrilada”, “Pai há só Um!”).

Opinião por Artur Neves

Doug Liman afasta-se um pouco do seu registo mais frequente de filmes de ação e traz-nos uma história, vivida em clima de guerra, durante a última invasão do Iraque por tropas dos USA, mas na vertente psicológica presente em todos os conflitos e em todas as batalhas. Nem sempre é o mais forte a ganhar a guerra mas antes o mais inteligente que consegue capitalizar a força do seu adversário em benefício próprio.
É o que se passa nesta história, em que “Juba” (Laith Nakli, nunca veremos os eu rosto na tela, apenas a sua voz no rádio) o sniper Iraquiano com fama de assassino pelo sucesso obtido em combate, depois de atingir um dos soldados americanos, que confiando na sua superioridade abandona o esconderijo violando normas de segurança e se aproxima do campo de morte que deveria ter protegido, tenta estabelecer comunicação via rádio, com o outro soldado em modos amistosos como se quisesse tornar-se seu amigo improvável naquele inóspito deserto.
É aqui que reside a verdadeira história deste filme, no modo subtil como “Juba” inicia a conversação, sem pressas, em tom coloquial, primeiro fazendo-se passar pelo “salvador” que o americano pretendia contactar, depois de descoberto, como o “amigo” que poderia ter encontrado no centro comercial mais próximo, ali ao virar da esquina do deserto. O diálogo que se trava é inteligente, culto e coerente da parte de “Juba” e errático, desconexo, sem seguimento da parte do americano que não apresenta discernimento para ripostar, nem para engendrar um plano que possa equilibrar a situação crítica em que ele e o seu camarada se encontram.
A história mostra-nos também que os sofisticados meios técnicos ao dispor, de pouco servem se não os soubermos pôr a funcionar, sendo naquele ambiente inóspito que a serenidade, o sangue frio e a presença de espírito mais falta nos fazem. Características essas presentes no diálogo de “Juba”, aliado ao conhecimento profundo do inimigo, nas suas causas pífias, na sua confiança no seu poder, na sua fraqueza pessoal e nos medos que ele explora, através de um diálogo insinuante com que pretende “adormecer” a resistência do americano.
“Juba” tem os americanos à sua mercê, mas estrategicamente mantem-nos agonizantes, inseguros, temerosos, com a esperança de uma salvação que virá dos céus, porque a pátria e o seu comandante nunca os abandonará e de facto ela chega, mas o resultado prático é que é muito diferente do esperado. Este filme enquadra-se portanto no thriller psicológico em ambiente de guerra, com alta intensidade dramática, credível que merece ser visto.

Classificação: 6 numa escala de 10

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