27 de junho de 2016

Opinião – “Estado Livre de Jones” de Gary Ross


Sinopse

Passado durante a Guerra Civil Americana, “Estado Livre de Jones” conta a história de Newt Knight (Matthew McConaughey), um agricultor sulista, e a sua extraordinária rebelião armada contra a Confedração.
Unindo esforços com outros pequenos agricultores e escravos locais, Knight despoletou uma revolta que levou a que o Condado Jones no Mississippi se tornasse independente dos restantes Estados Confederados, criando assim o Estado Livre de Jones.

Com argumento e realização de Gary Ross, nomeado já para 4 Óscares, “Estado Livre de Jones” conta ainda com Gugu Mbatha-Raw, Keri Russell e Mahershala Ali nos principais papéis.

Opinião por Artur Neves

Esta história corresponde a um facto histórico pouco divulgado e praticamente desconhecido da maioria das pessoas, talvez até intencionalmente na medida em aponta as bases da formação e método operacional do “Klan” (KKK), formado em 1865, como executor das correntes reaccionárias e extremistas da supremacia branca e anti emigração, nunca extintos nos estados Americanos do sul, cuja economia se baseava no poder esclavagista perpetrado pelos grandes fazendeiros nas suas plantações de algodão.
É pois no ambiente da Guerra Secessão que um homem do povo, sem qualquer formação especial, recrutado para o exército Confederado para a função de maqueiro se vê lentamente conduzido pelos factos daquela guerra fratricida, para o papel de líder revolucionário de um grupo de fazendeiros pobres e escravos que no limite da sua luta, declaram a independência em relação a todo o estado Americano em formação, do condado onde vivem e lutam; o Condado de Jones.
É assim uma história de sangue, dor e sofrimento, bem ao nível do filme; “12 Anos Escravo” de 2013, que Gary Ross, escritor e autor do argumento se lança nesta empreitada de nos contar, ao ritmo do passar do tempo e dos eventos marcantes que ocorreram durante esta guerra no estado do Mississippi, esta história de coragem de um punhado de homens. A reconstituição dos lugares está muito bem conseguida desde as primeiras imagens num campo de batalha, o hospital de campanha, a precária organização do exército e das instalações dos Confederados que deixava antever o desfecho que veio a verificar-se.
Com 136 minutos de duração o filme é talvez um pouco longo, todavia essa extensão é justificada pelos cinco anos de duração da guerra, documentada com fotografias da ápoca, e com referências datadas aos eventos a que alude. É uma história da História dos USA que pretende o nosso entendimento através da sua divulgação com os pormenores marcantes que na época a justificaram. Apresenta-se com boa imagem em todas as cenas, mesmo em interiores com luz de velas ou na escuridão dos pântanos da Louisiana que servem de abrigo e de quartel-general aos revoltosos. Um filme escorreito, bem contado que vale a pena ver.
Classificação: 6,5 numa escala de 10

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