31 de março de 2014

Opinião - A Manhã do Mundo

Título: A Manhã do Mundo
Autor: Pedro Guilherme-Moreira
Editora: Dom Quixote

Sinopse:
No dia 12 de Setembro de 2001, Ayda encontrou-se com Teresa num café de Allentown e, com o jornal aberto sobre a mesa, foi implacável com os que tinham saltado das Torres Gémeas, chamando-lhes cobardes; mas não disse à amiga que, na verdade, o que sentia era outra coisa, uma grande frustração por o marido e o filho a terem abandonado e rumado a Nova Iorque num momento em que ela se recusava a tomar a medicação e lhes tornava a vida um Inferno - e de não ter coragem de fazer o que esses tinham feito. Entre os que saltaram, estavam Thea, Millard, Mark, Alice e Solomon - todos personagens fascinantes, com histórias de vida simultaneamente banais e extraordinárias -, que o acaso reuniu no 106.º piso da Torre Norte do World Trade Center naquela fatídica manhã. Se Ayda, por hipótese, conhecesse essas histórias e o drama que eles enfrentaram, decerto não os teria insultado tão levianamente. Mas poderá o destino dar-lhe uma oportunidade de rever a História? Este é um romance admirável sobre o medo e a coragem, o desespero e a lucidez, a culpa e a expiação; mas é também um livro sobre Einstein e os universos paralelos, sobre o que foi e o que podia não ter sido. No décimo aniversário do 11 de Setembro, a memória não basta, é preciso combater o esquecimento indo para junto dos heróis que viveram o horror e compreender cada um dos seus actos - se necessário, saltar com eles, conhecer aquela que foi a manhã do Mundo.

Opinião por Cristina Delgado:
Torna-se difícil deixar este livro, largá-lo por uns minutos apenas, tanto pelo acontecimento que serve de pano de fundo a esta obra como pela escrita mágica desta autor!

Dez anos passados e as imagens que circularam pelo mundo inteiro ainda estão presentes em nós, como se tivessem acontecido ontem mesmo. E as pequenas histórias imaginadas por Pedro Guilherme-Moreira, misturadas com alguns factos reais, fazem-nos reviver esses momentos tão trágicos e tão marcantes. E isso dói! Imaginarmos como poderiam ter sido os últimos momentos de algumas dessas pessoas faz-nos encolher o coração... Pensarmos o que poderiam estar a sentir todos os que preferiram saltar (tomando, assim, a última decisão das suas vidas!) a ficar no inferno que as Torres se tornaram...

Os acasos da vida, aquilo que nos leva a estar num determinado sítio a uma determinada hora, são aqui bem intuídos e descritos pelo autor. As histórias sucedem-se e sentimos que pequenos "nadas" podem fazer a diferença entre a vida e a morte. E a pergunta: "E se?" é feita constantemente por nós leitoras e parece-me que pelo autor também aquando da escrita do livro.

Esta não é uma história linear,convencional, histórias de várias pessoas que poderiam ter estado lá. Conta-nos sim, diferentes fins que as mesmas personagens poderiam ter tido e sentido. Difícil de explicar sem nada contar do livro. Ler é mesmo o melhor remédio!

Recomendo a sua leitura! Acredito que deva ter sido uma escrita sofrida esta. Porque se para nós leitores se torna difícil o "visualizar" alguns momentos desta livro, porque nos magoa, para o autor também não deve ter sido nada fácil "viver" esta obra.

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