21 de julho de 2012

Opinião - A Rainha Corvo

Título: A Rainha Corvo  
Autor: Jules Watson  
Editora: Bertrand  

Sinopse: 
Maeve nasceu para ser um joguete que o seu pai poderia usar como bem entendesse de forma a manter as suas terras em segurança. Forçada a casar-se, os seus desejos nunca foram respeitados. Mas o espírito livre de Maeve não irá suportar muito mais as maquinações do seu novo marido, Conor, o astucioso rei de Ulster. Quando a morte do seu pai deixa a sua terra natal à mercê de senhores gananciosos e das forças de Conor, Maeve apercebe-se de que precisa de usar o seu próprio poder de modo a travá-los. Com perícia e inteligência, Maeve prova que é igual a qualquer outro guerreiro no campo de batalha e, para combater a perigosa magia dos mais antigos deuses, procura ajuda junto a Ruán, um druida errante, cuja paixão inesperada e estranha ligação ao mundo dos espíritos revelam a Maeve a verdade sobre si mesma, colocando-a em guerra com o seu dever e o seu destino. 

Opinião por Rita Verdial:
A Rainha Corvo conta-nos a história da grande rainha celta Maeve que, neste livro, se inicia com os primeiros acontecimentos de A Lenda do Cisne. Durante grande parte do livro observamos um entrechocar de eventos observados em A Lenda do Cisne e no presente livro, A Rainha Corvo. O que à primeira vista podia parecer um recontar da mesma história, não o é de todo, é antes o contar de uma outra lenda passada na mesma época, que complementa ou é complementada pela outra.
Maeve sempre foi uma mulher forte, forçada a subjugar-se num mundo de homens e a seguir os interesses do pai através dos casamentos indesejados que este lhe arranjava. Teve de suportar muito, desde homens que abominava, actos de violência e mesmo a dolorosa perda dos filhos. No entanto Maeve possui um espirito selvagem e atinge o seu ponto de rotura: não está mais disposta a ser usada como um objecto para atingir um fim e muito menos se esse fim prejudicar o seu povo. Não tolerará as maquinações do seu novo marido, o rei Conor de Ulaid, que se torna o seu grande ódio de estimação e faz com que se transforme numa grande guerreira, capaz de tudo para defender o seu povo, inclusive pôr de parte o desejo por amor e carinho que nunca teve.
Como em qualquer boa história do género o sobrenatural e o divino marcam bem a sua presença, neste caso através dos antigos deuses pagãos e dos sídhe. Envolvem-nos e conquistam-nos com os seus mistérios, bênçãos e maldições e trazem um ar místico a toda a narrativa, intrigando e por vezes iluminando as nossas mentes e a dos próprios personagens em determinadas questões. Neste campo de misticismo entram também os sábios druidas, adquirindo Ruán um papel extremamente importante para o futuro de Erin pelo simples facto de cruzar do seu caminho com o de Maeve.
Rúan e Maeve, são personagens muito bem conseguidas que para além de possuírem grandes qualidades, possuem também as suas fraquezas e defeitos, o que os torna bastante reais para o leitor, pois tanto somos capazes de aplaudir os seus feitos, como de repudiar certos pensamentos e atitudes. Isto não é só verdade para os protagonistas, como também o é para muitas personagens secundárias que enriquecem sobremaneira toda a narrativa, como o grande herói Cúchulainn e alguns dos seus companheiros do Redbranch, por exemplo.
 Neste livro a autora conseguiu manter um ritmo mais equilibrado, sem grandes altos e baixos e momentos muito parados, o que o diferencia bem de A Lenda do Cisne, conferindo-lhe mais pontos positivos em relação a este.
Todos os momentos da obra são ricamente descritos, sendo de salientar as belíssimas movimentações cintilantes da Fonte e as emocionantes batalhas que são relatadas de forma vívida e com pormenor, chegando por vezes ao ponto de nos deixar com o coração nas mãos na espectativa do que pode vir a acontecer. A Rainha Corvo é uma história bela e cativante, que enaltece a honra, a coragem e o sacrifício e traz um fim bastante adequado a toda esta trama baseada nas lendas irlandesas do Ciclo de Ulster.

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