18 de março de 2012

Opinião - O Tigre Branco

Título: O Tigre Branco
Autor: Aravind Adiga
Editora: Presença

Sinopse:
O Tigre Branco arrebatou por unanimidade o Man Prémio Booker Prize de 2008, um dos mais prestigiados galardões literários a nível mundial. Ainda antes da sua nomeação para o prémio, O Tigre Branco era já apontado como um dos melhores romances do ano e Aravinda Adiga como uma grande revelação e um extraordinário romancista. A shortlist para o Booker era composta por candidatos muito fortes, muito embora O Tigre Branco tenha conquistado o júri a uma só voz. Romance de estreia, entrou de imediato nas preferências dos críticos, que o classificaram como "uma estreia brilhante e extraordinária". O livro revela uma Índia ainda muito pouco explorada pela ficção, a Índia negra, violenta e exuberante das desigualdades socioculturais. Toda a obra é uma longa carta dirigida ao Primeiro-Ministro chinês, escrita ao longo de sete noites. O autor da carta apresenta-se como o tigre branco do título, e auto-denomina-se um "empreendedor social". Descrevendo a sua notável ascensão de pobre aldeão a empresário e empreendedor social, o autor da carta, Balram, acaba por fazer uma denúncia mordaz das injustiças e peculiaridades da sociedade indiana. Fica assim feito o retrato de uma sociedade brutal, impiedosa, em que as injustiças se perpetuam geração após geração, como uma ladainha que se entoa incessantemente ao ritmo de uma roda de orações. São muito poucos os animais que conseguem abrir um buraco na vedação e escapar ao destino do cárcere eterno. O Tigre Branco é um deles.

Opinião por Pedro Teixeira:
“O Tigre Branco” é uma história que se desenrola na Índia ou, como o autor descreve, em duas Índias completamente distintas, a da Luz e a da Escuridão. Na Luz, vive-se uma Índia internacional e cosmopolita dos centros comerciais, empresas multinacionais e hotéis de 5 estrelas. Por outro lado, na Escuridão, uma Índia onde o saneamento básico é uma miragem e a vida humana vale ainda menos do que os esgotos que circulam pelas ruas a céu aberto.
O tigre branco resulta de uma mutação genética muito rara do tigre comum que surge uma vez em cada geração, remetendo-nos para a raridade com que alguma pessoa que nasça na Escuridão consiga atingir a Luz. O protagonista é O Tigre Branco da geração dele, destacando-se pela sorte e capacidades que lhe permitiram virar as costas à Escuridão.
O livro é escrito pelo protagonista na forma de uma carta endereçada ao primeiro-ministro chinês que iria visitar a Índia. E assim descreve todo o seu percurso: desde que nasceu com o nome Munna (embora este não constituísse verdadeiramente um nome, uma vez que Munna significa apenas “rapaz”), passando pelo seu curto período escolar onde lhe foram atribuídos uma data de nascimento e o nome de Balram, e todo o seu trilho sinuoso até à Luz, acabando por se tornar um empresário de sucesso em Bangalore.
Pessoalmente, adorei o livro. A história retrata a realidade da Índia de uma forma nua e crua e onde não há heróis nem vilões. Todos procuram lutar, não sendo a lealdade e honestidade critérios orientadores numa comunidade destituída de valores morais e humanos. O protagonista denuncia toda a corrupção, crimes, fraudes e subornos a que assistiu e/ou participou com a segurança da impunidade onde as leis são o poder, dinheiro e corrupção.

Sem comentários: