20 de fevereiro de 2011

Opinião - Nove Mil Passos


Título: Nove Mil Passos
Autor: Pedro Almeida Vieira
Editora: Publicações D. Quixote

Sinopse:
"Francisco d'Ollanda - um dos primeiros humanistas portugueses - toma, no século XVI, a incumbência de encontrar ums solução para a sede crónica na capital do Reino. Mas várias adversidades abortam esta tentiva. A sua morte acaba, contundo, por não ser um obstáculo a que 'acompanhe' e nos relate as peripécias da construção do Aqueduto das Águas Livres, iniciada apenas no reinado de D. João V, na primeira metade do século XVIII.
Sob a forma de espírito omnipresente e omnisciente, ele narra paralelamente - num tom intimista e humorístico - as intrigas da Corte, a libertinagem e o fausto da vida do rei, o despontar da Maçonaria e o quotidiano surrealista de uma sociedade que vacila entre as crendices e o terror à Igreja. Mas ter-se-à Francisco d'Ollanda limitado ao papel de testemunha durante as duas décadas que levaram a ligar, numa extensão de Nove Mil Passos, a Fonte das Águas Livres a Lisboa?"

Opinião por Ana Melo:
Não conhecia o autor, Pedro Almeida Vieira e fiquei agradavelmente surpreendida. É um mestre na utilização da língua para a descrição da construção de um marco tão importante para a cidade de Lisboa - o Aqueduto das Águas Livres. O narrador, Francisco d'Ollanda, atravessa dois séculos de história, para com uma ironia mordaz, nos contar as desventuras da construção do aqueduto. A crítica à sociedade portuguesa é certeira e fez-me suspirar - até parece que nunca passamos da cepa torta. O início da Maçonaria em Portugal tem também lugar de destaque. Até ficamos a conhecer a Serafina que deu nome ao bairro sobranceiro a Lisboa. As tramóias que giram à volta do aqueduto, que avança e deixa de avançar estão muito bem descritas assim como a conspiração à volta do rei e a sempre presença da Igreja, tudo se torna hilariante (se não fosse triste...), já para não falar do desgraçado do povo de Lisboa que há não sei quanto tempo pagava o real da água, e ela que nunca chegava, pois os fundos eram desviados para outras 'utilidades'...

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