26 de janeiro de 2011

Opinião - Love Life, de coração aberto


Título: Love Life - de Coração Aberto
Autor: Ray Kluun
Editora: Editorial Presença

Sinopse:
«Sou um hedonista com monofobia grave.» É assim que Dan, o protagonista deste romance semiautobiográfico, se descreve logo nas primeiras páginas, sem hesitações nem margem para dúvidas. Uma descrição que pouco teria de chocante e extraordinário não fosse o facto de este livro tratar da batalha da mulher de Dan, Carmen, com um cancro da mama. Jovens, bem-sucedidos e com uma filha prestes a completar um ano, Dan e Carmen eram um casal feliz a viver uma vida despreocupada antes de o diagnóstico os atingir. Mas, revoltado com a crueza do destino e as limitações que daí para a frente marcarão o seu dia-a-dia, Dan recusa-se a abdicar de tudo e inicia uma vida dupla: durante a semana acompanha a mulher aos tratamentos e aos fins-de-semana entrega-se ao álcool e ao sexo fortuito. Love life – De coração aberto é um relato duro e sem concessões, que não deixará ninguém indiferente, de um homem dividido entre a lealdade à mulher e o desejo de viver a vida ao máximo, Honesto, tocante e polémico, confronta os leitores com a pergunta a que ninguém quer responder: quando a vida dá uma volta de 180 graus, estamos sempre à altura do desafio?

Opinião por Cristina Delgado:

Às vezes, quando menos esperamos, há um livro que nos surpreende pela positiva. Isso sabe tão bem!

Este livro despoletou em mim sentimentos contraditórios, talvez por isso, difíceis de descrever. Dan possui um casamento estranho, no meu entender. Como ele próprio se descreve, ele é um indivíduo que sofre de uma monofobia grave (medo mórbido de uma vida sexualmente monogâmica que conduz a uma necessidade compulsiva de praticar a infidelidade). Carmen, sua esposa, aceita e ignora essas suas facadas no casamento. E se isto ficasse por aqui seria outro livro que eu abandonaria logo nas primeiras páginas...

Mas, uma doença terminal invade este casamento. E Dan, o narrador, entre as suas escapadelas mostra-nos o seu lado humano, a maior parte das vezes contraditório, cuidando e tratando de Carmen e de Luna, sua filha. O cancro fulminante, as dores de quem sofre desta doença e dos amigos que estão por perto, as incertezas, os tratamentos, a mutilação e os efeitos secundários, mas também, a alegria, a vontade de viver o melhor possível, a preparação dos últimos momentos ... tudo nos prende neste romance! Saber que o autor sofreu uma dor semelhante ao perder a sua esposa com cancro, faz-nos perceber que o livro é resultante da sua própria dor e que muitos aspectos narrados foram, de alguma forma, vivenciados pelo próprio.

Este livro choca por vários motivos mas, por isso mesmo, vale a pena ler. Eu gostei muito e tive dificuldade em largá-lo. Como eu gosto de um livro: absorveu-me!

Sem comentários: